segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Mamas

Agora em época de Carnaval, onde todos temos o direito de ser quem não somos, lanço aqui um desafio. Quem não gostaria de acrescentar ou retirar algo do seu corpo? Eu por exemplo, queria ter umas mamas maiores, ou umas mamas pronto! Já eram pequenas, com a amamentação dos meus dois filhos (o que me deixa deveras orgulhosa) deixei de as ter! E isso faz-me uma certa confusão. Não me querem fazer aí um levantamento de preços e locais para fazer aí um transplantezinho para eu ficar com os seios mais redondinhos :) Até podíamos fazer uma "vaquinha" e fazer um mealheiro para eu no Verão ficar mais "cheinha". O que é que dizem? aceitam-se sugestões

Até pode ser que o uso mais frequente lhes dê mais firmeza :) Tenho de ir mais aos treinos!

O que temos e o que deixámos de ter

Se preferia o que tinha? Se assim seria mais feliz? Estaria agora mais tranquila? Sabes, já não sei! Tenho a certeza que não gostaria de viver algo que não era verdadeiro e por isso era de fachada! Isso não me faria feliz. Talvez já não fosse mesmo feliz, talvez nesta noite não estivesse tão tranquila! Tão com a certeza que sei quem sou, quem quero ser, e quem quero ao meu lado. Pode não ser completamente identificável agora, mas sei que isso se vai esclarecer, mais tarde ou mais cedo, porque me mentenho inteira, ainda que me sinta despedaçada, sei o meu caminho, mesmo que me sinta perdida. Se preferia o que tinha? Preferia que o que tivesse tivesse sido verdadeiro. Hoje sei que não preferia o que tinha. Prefiro outra coisa qualquer, pois a partir daqui tudo terá de ser diferente. A começar dentro de mim!

sábado, fevereiro 25, 2006

Acordou com um sonho muito presente na cabeça. Ou pesadelo, não consegue definir. Estava numa praia de areia branca e horizonte longínquo. Via-o afastar-se, primeiro lentamente, depois muito rapidamente. Quis correr atrás dele mas tinha-lhe virado as costas sem olhar para trás. Ela gritou, gritou, quase o apanhou, mas ele continuou de costas voltadas. De vez em quando ele olhava para trás e ela pensava que ele ia hesitar. Mas não, convicto seguiu o seu caminho. Ela deixou de o ver tão bem. Ao longe, deixou de perceber o que ele fazia, como se sentia, não lhe via o olhar. De vez em quando, ainda falavam, mas estvam tão longe que só gritavam. E mal percebiam o que um e outro diziam. Ele deixou de olhar para trás. Ela sentiu-se perdida sem saber que rumo tomar. Se continuava correndo atrás dele ou se seguia outro caminho. Porque correndo ele caminhava mais depressa e fugia para manter a distância. Ela ficou parada no mesmo sítio. De vez em quando punha-se em bicos de pés e conseguia ver uma imagem dele ao fundo. E sentia saudades de o ter ao seu lado. Percebeu que tinha de seguir o seu rumo e de perceber se passava alguém. Começou a procurar, com os olhos vidrados de água.

E acordou. Com lágrimas.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Há dias em que esquece completamente. Esquece que um dia amou apaixonadamente, esquece que um dia apostou em alguém para partilhar a sua vida, esquece que se desiludiu, esquece que sofre. Há dias que só não esquece que desse amor nasceu outro ainda maior, incondicional. Que distância nenhuma pode apagar.
Ela sabe que um dia vai olhar para trás com um sorriso tranquilo nos lábios e quer guardar isso dentro de si. Sabe que valeu a pena, independentemente de toda e qualquer dor. Os seus filhos estarão lá para o provar. E ela vai conseguir viver com isso.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Um beijo quente do país do sol

Ela encontrou o coração. O mesmo que esteve quase a perder de morte permatura. Aquele que quase saltou da boca por tanto bater sem ritmo. Ela encontrou-o porque ele não se faz rogado. Quando bate, bate mesmo. E é impossível não o sentir. Não o reencontrou morto de felicidade, saudável e perfeito. Não o reencontrou capaz de se doar e fazer mundo e fundos. Pelo contrário. Aninha-se a qualquer toque estranho, a cada olhar mais encorajador. Prefere ficar quieto a dar sinal de si. Mas não porque esteja morto. Só porque prefere ficar tranquilo e tem medo de voltar a entropecer de angústia.
DEpois de um mergulho no mar de águas cálidas, o sol mostrou-se terapêutico. De olhos fechados, ela não conseguiu controlar os pensamentos. Muitas vezes sentiu-se perdida neles, as lágrimas a molharem-lhe a face e o sorriso fresco nos lábios. Por vezes quase se sentiu feliz e conseguia respirar sem ter falta de ar, sem aquele aperto fulminante no peito. Melhor, sentiu-se viva, capaz de provocar emoções e de cativar pessoas estranhas. Afinal ela ainda lá estava!

Cheira a mar e o sol é escaldante,a brisa é mais quente ainda e os pés sofreram curtidos do sol.

domingo, fevereiro 19, 2006

Foi

Fez as malas. E partiu!

sábado, fevereiro 18, 2006

Desejo de um dia aconchegante

Gostava tanto de te conhecer...

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

My Space . A revolução

Como todos sabem, a indústria musical passa por uma grave crise económica. O esbanjamento de meios e o tratamento da música como algo plástico e descartável pelos seus maiores responsáveis; o pouco respeito pelos direitos de autor; e o deslumbramento do consumidor pela facilidade com que as novas tecnologias levaram a música aos seus computadores, deixou toda a gente muita confusa de um lado e de outro. Os patrões da indústria ainda não sabem o caminho a seguir para parar a pirataria e recuperar alguns dos meios que tiveram ao seu dispor para continuar a editar bandas cujo interesse comercial seja menos certeiro. Sem dinheiro, um dia destes só se apostaram nas Shakiras e nos Black Eyed Peas, nos Robbie Williams e nos Coldplay. Por outro lado, o consumidor deixou de ser quem quer pagar a factura e percebeu que a música pode ser mais que os nomes que figuram nos tops de vendas e que as rádios insistem há dezenas de anos em colocar nas suas playlists. Os artistas porém, lutam pelos seus direitos e querem mostrar a sua música. Para além das lojas online que vão aparecendo (mas que ainda pecam pela pouca variedade que vendem), o My Space ganha aqui uma força brutal e tem atingido grandes proporções. Aqui podem encontrar todas, ou quase todas as bandas que se lembrarem. Nas suas páginas dão a conhecer a sua música e os seus amigos acrescentam-lhes mais raridades e informação. Têm de visitar. DEixo-vos aqui algumas sugestões:
Arctic Monkeys
Duran Duran
Arcade Fire
Richard Swift
Caetano Veloso
Sonic Youth
She Wants Revenge

e basicamente tudo o que se lembrarem. Descubram e discutam sobre isto.

Euforia

Vestiu-se de manhã cedo, muito cedo até, com outra intenção. A de se sentir bem consigo. Olhou-se ao espelho num instante, entre um esgar de olhar nas crianças e outro no som definitivo do microndas, e quase se achou bonita. Esboçou um sorriso e tentou guardar essa ideia de si e reservá-la para levantar o olhar que há muito tinha baixado. O dia tinha tudo de igual aos outros, não fosse este pequeno sentimento de euforia que se apossava de si. Revia as imagens que o agente de viagens lhe tinha passado e sentia-se já a pisar as areias finas e brancas. O poder dessa ideia encheu-lhe novamente o peito de ar, e esboçou um outro sorriso, desta vez mais rasgado, quase saliente. Sentiu os braços doridos do peso que carregava, o filho, os sacos, a mão da M. e ao sentar-se no carro, encostou-se e previu o dia cheio que iria ter. As vésperas das mini-férias nem sempre são fáceis. Queria deixar tudo preparado para que o telefone não tocasse por tudo e por nada. Mas, e mais uma vez sorriu. O cansaço matinal, o peso do corpo, desta vez parecia apenas físico. Lá dentro, o ar circulava. E deu consigo a cantarolar a canção que passava na rádio. O dia foi passando e ela só deu por falta da angústia quando se recusou a voltar cedo para casa. Precisou de procurar alguém para estar, para conversar, dividir a atenção do M. e da M. E voltou para casa, novamente a cantarolar e a achar piada à playlist daquela hora. A euforia do dia agora parecia repousar numa certa paz. Algo de que já tinha saudades.

sem comentários

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Condutor em Fuga, PARTE I

Sentiu necessidade de se ausentar. Quase desde o primeiro momento. Ficar longe podia ter um duplo efeito. Obrigar-se a não travar conhecimento com o que se passava na sua ausência e obrigar-se a sentir-se... ou deixar de se sentir. Por momentos ficou confusa. Percebeu que a sua ânsia era essa, deixar de se sentir. Procurar abrir o peito para deixar entrar qualquer outra coisa que não aquela imensa angústia que lhe tinha assaltado o peito de há uns meses para cá. Percebeu que teria de deixar aliviar essa tensão, a de estar constantemente a ser posta à prova. Primeiro porque não podia pressioná-lo, depois porque não devia, por último porque já não queria. Por outro lado porque tinha de ser forte, porque tinha de reagir, não deixar de ser mãe, não deixar de ser pessoa, não deixar de ser mulher. Tudo eram exigências, tudo pareciam formas de pressão. Tanto que se sentia culpada cada vez que pisava o risco, cada vez que se dava ao manifesto e se expunha à rejeição e ao sofrimento.
Esta viagem, a fuga que queria fazer dentro de si, sabia que só iria adiar qualquer coisa. Mas dava-lhe algum tempo, pelo menos para não ter só que reagir às coisas. Talvez conseguisse fazer planos, talvez conseguisse perceber que ela ainda lá está, dentro de si, perdida, mas pronta para se achar. E que os dias devem ser consumidos, um após o outro, sem esta aflição que o tempo passe depressa e que ajude a curar aquilo que lhe doi.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Pop Dell Arte

Se puderem, não percam. Vai ser uma festa. Sábado, na ZDB, às 23h. Oiçam aqui alguns dos temas do best of que foi editado há pouco tempo

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Vai acontecer

Eu sei que vou conseguir. Sei disso! Sei que não há mais nada que possa fazer aqui. Que tenho de partir, sem olhar mais para trás. Tenho de seguir. Tenho de o fazer e vou fazer. O amor não se pensa tanto. Acontece. Quando não acontece deixa de fazer sentido. E quando deixa de fazer sentido deixa de ter algo que o alimente. Passa a ser só forma, oca, de casca fina, gasta e lascada. Eu sei que vou conseguir fortificar esta forma, de algo que ganhe sentido, que se preencha, que aconteça. Que não tenha de ser mendigado e a toda a hora rejeitado. Vai acontecer e eu vou conseguir estar lá.
ler a ouvir bell orchestre

Devia ser como no cinema

Pergunto-me o que o dia de hoje significa, e o cursor fica aqui a piscar uns bons momentos. A casa está em silêncio, as lágrimas teimam em sair e, quando rolam, encontram-me um sorriso tímido nos lábios. Apetece-me correr para o colo da minha mãe. Pedir-lhe abrigo, esconder lá a minha cabeça e ficar! Não tenho amor como o dela. Soube isso quando nasceram os meus filhos. Nada é mais incondicional.
Hoje o dia vai ser difícil.
Sei que não vou ter sempre forças para agradecer, porque dentro de mim tenho ganas de fugir. Sei que não quero esperar, mas dentro de mim espero. Como diz a letra dos Clã, "devia ser como no cinema". Amanhã de manhã acordava e o inesperado acontecia, a campainha tocava, a luz encadeava-me os olhos, e um vulto escorregava por ela. Recebia o abraço perdido há tanto tempo, fechava os olhos e tudo tinha passado. As crianças vinham atrás e éramos uma família de novo. E montávamos no cavalo branco que estava à nossa espera e fugíamos de encontro a algo que tinhamos perdido...
Pronto, era um filme fantástico, sem categoria capaz de o catalogar.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

O vôo

O que posso fazer se ele está demasiado pesado para voar? Carrego-lhe o peso? Alivio-lhe o peso? Ou bato asas?

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

o vazio

Neste momento, sinto a cabeça vazia. Não tanto como ansiei sentir, mas vazia. Martelam-me algumas palavras soltas nela, ainda que não se cruzem para formar sentido. Palavras como acreditas, caralho, espaço, não ando com ela, estou apaixonado, radical, falas, não posso, não deste, o que queres agora... e o vazio. Por momentos queria que este vazio tomasse conta de mim. Que me desse também paz de espírito. que me permitisse querer encher. Porque eu só quero esvaziar, enquanto estou a encher. como se pode matar uma coisa que se quer que viva?

a mentira

Repugno a mentira e as meias verdades. Metem-me medo as pessoas que não dizem tudo o que sentem e omitem deliberadamente. Preocupa-me saber o que realmente são ou foram. Odeio ainda preocupar-me com isso. Faz-me falta a sinceridade e a honestidade de quem me rodeia, de quem é importante para mim, de quem mudou a minha vida ao querer participa nela. "És responsável por aqueles que cativas." Tão depressa nos esquecemos disso e enxovalhamos para continuarmos a olhar para o nosso umbigo.
Assusta-me o facto dos meus filhos poderem crescer com exemplos destes ao seu redor. Assusta-me que eu própria lhes possa dar esse exemplo.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

O mundo em que vivemos



Há dias assim. Acordados com este arfar compassado, como se o coração nos fosse saltar pela boca a qualquer instante e, como contido, nos faz disparar água pelos olhos, engatilhada por qualquer contacto com a mais pequena insignificância. Hoje chorei outra vez, chorei por mim e por quem me provocou a dor. Chorei por aquilo que alguma vez fomos, ou que alguma vez pensámos que éramos. E chorei por aqueles que criámos e que vivem fruto de uma decisão nossa...
Ontem, um jornalista confessou-me meio emocionado que tinha sido pai há três dias, da pequena e frágil Iris. Entusiasmado falou-me da pequena grande revolução que sente dentro de si e desse poderoso sentimento que é sentirmo-nos Pais. Eu sorri e tentando demonstrar o mesmo entusiasmo tentei esconder o meu flash back. Aquelas horas, ainda tão recentes, de dor e penar, na box da maternidade e o milagre do nascimento de um e de outro. De ambas as vezes me senti totalmente desamparada e abandonada. De ambas as vezes senti que ser mãe supera todos os sentimentos negativos que aquele momento de descarga emocional comporta. O nascimento dos meus dois filhos foram os momentos mais importantes da minha vida.
E ali estava eu a partilhar isto com um estranho. A partilhar as dificuldades de se ter um filho, a mudança brutal que invade a nossa vida e a partilhar as dificuldades acrescidas de se ter dois filhos, e a mudança radical que nos é imposta por tudo novamente. Mas que é dificil mas é imensamente compensador.
E na conversa o meu interlocutor dizia-se assustado com aquilo que não controlava para dar à filha um mundo melhor. E, já depois de ele sair, fiquei a pensar na inevitabilidade de todos os pais se sentirem atingidos por uma vontade de que o mundo passe a ser meio cor de rosa a partir do nascimento dos seus filhos.
Mas isso, as conjucturas, os atentados terroristas, as catástofres naturais, os crimes macabros, os abusos sexuais, as descriminações raciais, a falta de oportunidades iguais para todos, as doenças incuráveis, a fome e a camada de ozono... e tantas outras coisas, são coisas que posso denunciar, mas não as conseguirei mudar.
Para a felicidade dos meus filhos preocupa-me mais o egocentrismo e o individualismo com que me parece que as pessoas se resguardam, preocupa-me mais a falta de respeito que temos uns pelos outros, a pouca preocupação em sabermos se estamos ou não a magoar quem nos rodeia, a facilidade que temos em conjugar mal o verbo amar, em que um dia somos um, no outro é cada um por si. Preocupa-me mais o mundo em que os meus filhos vão crescer cheio de gente pedante que olha os outros de cima para baixo, gente maldosa que vê segundas intenções nas acções dos outros para desculpar as suas próprias acções, gente cobarde que tem medo de levar as coisas até ao fim, gente infantil que não se permite ser feliz com medo de se enfrentar. Preocupa-me que os meus filhos vivam rodeados de gente que usa os outros para a sua própria satisfação, que usa, esgota e deita fora, e que vive isso consecutivamente até ao fim, sem conseguir perceber que os outros não são brinquedos nem jogos de computador que podem ser manipulados e trocados por algo mais excitante e com uns gráficos estupendos.
Preocupa-me sim, o que posso fazer para que os meus filhos possam crescer num mundo diferente deste, como posso educá-los para que consigam fugir de pessoas assim e para que eles próprios tenham exemplos de que ser feliz é respeitarmo-nos a nós próprios e saber que os outros terão de ser respeitados.

A angústia ou a fúria de viver

Às vezes nã sei como explicar os diversos sentimentos que encontro dentro de mim. Por serem contraditórios talvez se devessem anular, mas ao contrário parecem querer conviver e procurar a harmonia entre eles não é fácil. Deitar-me a sorrir e acordar a chorar pode fazer parte deste processo mas não deixa de me deixar confusa. Um dia vi nisto a semelhança que deve ser estar entre a vida e a morte, entre o céu e o inferno, entre o ser feliz e o ser infeliz. Sei que não quero continuar a ter pena de mim, que quero conseguir rir-me de mim e de tudo aquilo que vou vivendo e sentindo. Sei que quero gostar de mim e dar valor àquilo que quero ser e ter. Sei que quero dar valor a quem estiver ao meu lado e que me dêem valor a mim. Quero aceitar-me e perdoar-me, mas também quero que me aceitem como sou e me consigam perdoar. Quero amar e encher-me disso. POrque ama é isso, é sentirmo-nos cheios. Cheios de coisas para dar, mesmo as pequenas parvoíces... E se uns dias acho que estou cheia, noutros sei que tenho de me esvaziar para um dia voltar a encher-me.... É nesse conflito de valores e desejos que me encontro.

Quero que o Sol gire!

It's a Question of Time


Foi muito divertido, sim senhora!
Por momentos estava no Pavilhão da 2 a trocar olhares que levavam mensagens, a abanar o corpo ao som da música, a fugir meio alcoolizada numa motorizada fanhosa, sem capacete, de um beijo longo e molhado que ficou atrás do pavilhão. Aos 16 anos, tudo era permitido. Até as pequenas traições ao namorado que não estava. Eram segredos bem guardados os nossos. Morriam ali, nas festas de final de período. E os Depeche lá estavam, nas cassetes que gravavamos, em que conviviam nos lados B com os Cure e os Jesus and Mary Chain, os Smiths e os U2.
E ontem, o tempo pareceu voltar para trás. Não, não fugi em nenhuma mota fanhosa, mas fugi no meu já ronfanho automóvel.
Ontem o dia correu realmente bem. É engraçado perceber o quão previligiada sou quando estou nos bastidores de um espectáculo desejado como foi este. Estar a ter a conversa mais natural do mundo e ficar muda de entusiasmo ao ver um dos teus ídolos de juventude a passar à tua frente. Não, não é para todos, confessem! Mais, o objecto idolatrado repara que existe, sorri-te e acena-te com a cabeça. Sim!!!!!!!!!!!!!!! Cruzei-me com o Dave Gahan no corredor. E amigos, fiquei realmente húmida! E, a partir daí foi tudo uma piada.
Porque estares nos bastidores também tem o seu lado negro. As coisas perdem a magia. Andei a tarde inteira com os Bravery. Tenho-vos a confessar que gosto muito do álbum deles, mas estes rapazes, mesmo que um dia venham a ser muito grandes, nunca terão o meu respeito. Se não vejam: um vocalista com rabo gordo de quem leva ali muita palmada maldosa, unhas pintadas de preto, todas lascadas (nem o Robert Smith se apresentava assim), meia branca a contrastar com o sapatinho preto de vela, pullover verde com losangulos (até os outros membros da banda se desmarcaram dele). No final do concerto deles, quando os fomos cumprimentar, encontrámos um em boxers a saltar freneticamente à corda, outros dois a jogar ping pong (segundo consta fizeram-no toda à tarde), o vocalista à procura de um chuveiro para poder molhar o cabelo pastoso de suor e brilhantina... enfim! Assinaram-me a set list.

Mas o melhor mesmo foi o segurança que me assegurou que a primeira banda eram os Doors e que tocavam às 18h30, a apontar freneticamente para o alinhamento dos acontecimentos que tinha escrito no papel afixado na parede. E eu olhei incrédula para ele, sem lhe conseguir explicar que eram as portas que abriam às 18h30!

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

A noite dos DM

Há muito aguardava por este concerto. Pena me parecer completamente desfazado do tempo. Ainda por cima no pior sítio para se ouvir música... mas mesmo assim, estou um bocado contente por lá ir! Mais, posso ter oportunidade de me cruzar com algum dos Depeche num corredor qualquer no backstage. Não é para todos, eu sei, eu sei! Depois eu dou um autógrafo. Deixo-vos tocarem-me. E pagarem-me uma cerveja que a guita está curta... muito curta. Até logo.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

She Wants Revenge

Estou a ficar viciada neste disco. Vou trabalhá-lo brevemente. Faz-me recuar aos meus negros 16 anitos quando tudo era feito de grandes acontecimentos, em que uma "buba" curava um amor mal resolvido e se curtia nos intervalos das aulas atrás do Pavilhão. As calças routas e o cabelo desgadelhado... oiçam em http://hype.non-standard.net/search/she%20wants%20revenge/1/

A carne e o canhão

Não sei se vos acontece, mas dou comigo às vezes a procurar algo que me dê um clique carnal. Apetece-me fazer sexo, nunca foi tão explicito para mim, tão claro quanto o meu descompromisso se revela maior. Descompromisso comigo própria e com o meu próprio corpo. Fazer sexo por fazer, por me dar prazer. Talvez já aqui encontre um certo upgrade ao meu sentido fechado e seguro. Fazer só sexo, sem acordar ao lado de ninguém, como diria a minha grande amiga Lena. Assumir os riscos disso, provocá-los. Esvaziar a cabeça e sentir-me viva! ou morrer de vez. Logo vos dou notícias disso!

Sem resposta

Porque é que não passa esta vontade de voltar atrás, de encontrar o caminho para reencontrar o caminho? Porque é qeu renovo dia a dia a esperança? Porque é que todos os nãos se convertem em sims? Porque é que não consigo matar isto? Porque é que me faz tão bem ver-te sorrir? Porque é que isso me faz tao mal?

É verdade

"A morte vem num dia igual aos outros, que acaba mais cedo..." Ainda ontem, a Madalena, no auge da idade dos porquês me disse: "Mãe, vamos morrer todos, não é? Só não sabemos quando vamos morrer." É verdade, disse-lhe eu, não querendo pensar nisso.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Ainda a saudade


Ainda sobre a saudade que os outros deixam quando partem, a saudade que dói quando a partida se vê definitiva e as voltas que a vida dá... Lá no trabalho, há duas pessoas que me são próximas, uma das quais de quem gosto muito. Ambos sofreram ou estão a sofrer perdas irremediáveis. Um tem o pai em coma há meses, estado em que ficou após uma cirurgia ao coração, de mera rotina. Depois de meses em estado vegetativo, onde se discutia já o direito que se tinha em manter esta situação artificial, o senhor acordou e tem recuperado lentamente. Tenho acompanhado o sofrimento dele dia a dia, o horror de se ver sem pai, a pena de ter de lidar com isso, de suster o pesar de toda a família, o medo de ter esperança, a vergonha de o pensar já morto, o terror de todas as mazelas que isto poderá trazer a todos, o adiar a sua própria vida. Ainda hoje, ele saíu de manhã, lavado em lágrimas, porque o pai havia passado o fim-de-semana a chorar e ele queria estar próximo dele.
O outro, um dia recebeu uma chamada. O pai tinha entrado em colapso, e morreu sem sequer perceber, sem ter tempo de pedir ajuda. E ele sofreu sozinho, negou-se a ficar caído, enfrentou e foi o apoio de todos, com as suas palhaçadas, como me contou. Sei que continua a sofrer a saudade irreversível, mas sorri com isso. E procura recordar o melhor do seu pai, com o melhor que tem para dar.

A tranquilidade deixa-nos receber o melhor de nós. A saudade não tem de ser um mau sentimento!

domingo, fevereiro 05, 2006

O fundo e a altura de virar


Já repararem que um mau espírito chama a infelicidade. Parece que quando se dá azo à tristeza ela toma realmente conta de nós. E, consequentemente, tudo se torna vazio de sentido. Partir do zero pode significar bater bem no fundo para depois começar a trepar. Esbracejo de quando a quando para aparar a queda, suavizá-la, sei lá. Mas quase tudo me parece agora vazio de sentido. Parece-me que me resta estar atenta à viragem, tentar merecê-la. Fazer por ela. Chamá-la!

sábado, fevereiro 04, 2006

Nada me faz mais falta do que aquilo que já tenho


Li esta frase hoje e ainda não consegui perceber o que me cativou nela. Talvez esta sensação estúpida de solidão estando rodeada de gente... talvez este ímpeto de ingratidão para aqueles que acreditam em mim. Talvez o medo de perder de repente mais daqueles que julgo certos, daqueles que me fazem falta.

Nada me faz mais falta do que aquilo que tenho.

É tão duro perceber isso ao não ter!

No início era assim

Encontrei de novo esta vontade, a de criar movimentos ao escrever. Percebi que se o fizesse talvez não procurasse desesperadamente um vão de escadas onde me pudesse suster quando o peito aperta e as palavras teimam em saltar, às vezes trôpegas, outras molhadas de água e sal, impestuosas, injustas, clamorosas ou em vão. O que sei, o que me vem agora à cabeça, é a vontade quase infantil de vir registar momentos. Aqueles que podem não interessar especialmente a ninguém e que aqui encontrarão forma e espaço. Talvez procure o colo de quem foi, ou de quem nunca esteve. Talvez o faça para não o procurar mais.

Agora, é só a saudade de voltar a juntar palavras e encontrar sentido nelas e em mim. vamos lá então!