domingo, março 23, 2008



Sem pretensão alguma e porque a estas horas os tão desejados Portishead já aterraram em Pedras Rubras, recordo aquele que muitos dizem ter sido o concerto das suas vidas. Não chego a tal entusiasmo, porque com a mania de ser VIP, naquele dia não me quis juntar à multidão e, talvez por isso, não tenha sentido o momento como magnânime. Estava preocupada com a viagem que faria a seguir para Lisboa e com o facto de ter ainda de bater uns tantos mil caracteres antes da edição vespertina fechar. Os Portishead ainda eram uns seres estranhos para mim e naquela altura recordo que o que mais me impressionou foi a espécie de hipnose colectiva com os 30 ou sem lá quantos mil pareceram ficar. Recordo as baforadas de fumo que tornavam o ambiente baço e a espécie de encanto que saía da voz de Beth Gibbons.
Não sei se foi nesse momento mas relembro com muita nostalgia todas as vezes que depois daquele concerto a voz dela ecoou pela minha casa vazia, coincidindo mais ou menos com a altura da minha vida que tinha decidido ser Indepente.
E sim, os Portishead estarão intimimente ligados com uma altura da minha vida cheia de sentimentos, todos muito fortes, uma redescoberta de vida que hoje, dez anos passados, me consigo rever novamente.
Cheguei a ter medo de ir assistir ao concerto quinta feira.
Medo de que aquela voz, aquela música, aquele disco, já não fazer sentido.
Mas quer-me parecer que hoje, ainda que não passe daquele momento (ao contrário dos efeitos que há dez anos o momento não vivido me trouxe depois), vou lá estar inteira.

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