sombra e fazia daquele lado da casa a mais aprazível.
Era grande, tronco grosso, na primavera dava flores, no verão dava fruto. Ameixas. Rainha-Cláudia. Doces, saborosas, suculentas. Era um ritual apanhar o fruto, distribuir pelos amigos antes que apodrecesse.
Um dia a àrvore começou a ter bicho. o tronco começou a mostrar visivel a doença. ainda assim, ela cismava em dar flor e até fruto. Não se aproveitava tudo, mas ainda assim continuava com muitos atributos. E continuava a ser bom sentarmo-nos na sua sombra. era muito acolhedor.
Alguém disse: "a árvore está a morrer! Vamos abatê-la."
Refutei: "a árvore está doente. vamos tratá-la!"
Abandonámo-la. desistimos de tudo. Ele quis experimentar plantar um jardim florido, mais bonito, mais alegre. Eu continuava a ter saudades da minha árvore. Preferia refazer o meu jardim, salvar a minha árvore. As flores dele ora murcham, ora desabrotam, ora murcham, ora desabrotam, ora murcham, ora murcham...
"Vamos fazer um jardim novo?"
"Sim!"
abro o buraco para plantar a árvore, fecho o buraco. Abro o buraco, fecho o buraco. Abro o buraco, fecho o buraco. De quando a quando, voltamos a plantar. a árvore começa timidamente a criar raizes. Fraquinhas, a precisar constantemente de serem alimentadas. Às vezes, confiantes, deixam antever a árvore.
"Vamos podá-la! Não tenho a certeza se a quero ver crescer assim! e se assim é, não vamos torná-la visível aos olhos de quem passa!"
Corto a àrvore, fica a raiz. Abro o buraco, fecho o buraco. Tenho a sensação que a estrangulo. Apodrece deevagar, sem água, sem alimento. Abro o buraco, fecho o buraco. O chão começa a ficar desgastado. Nascem ervas daninhas à volta. Dá-me raiva e arranco tudo. Quero o chão limpo para o dia em que decida que não tem importância que a árvore cresça. Independentemente da sua forma. Só me interessa que seja forte. saudável.
Fecho o buraco.
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