quarta-feira, outubro 15, 2008

Pensou que ia morrer. Não se lembrava de dor assim. Só queria que acabasse. Não conseguia suportar. Cerrava os punhos, mordia os lábios, batia na parede já de si gasta. Outras talvez tivessem ajudado ao desgaste. Ela queria dar-lhe o golpe final. Pediu ajuda. Ninguém ouvia. Gritou, chorou, ameaçou virar as costas. De que lhe valia. A dor continuava cada vez mais insuportável. Nada poderia valer esta angústia. Amor nenhum. Porque tinha de passar por este sofrimento? Alguém que trocasse com ela. Pensou nele. Quis desesperadamente que estivesse ali ao seu lado. Dividiria as queixas. Dividiria o sofrimento. Talvez lhe limpasse o suor da testa e a animasse dizendo que ia correr tudo bem. 'Quando é que isto acaba?' Não chegava ninguém. 'Mas porquê? Porque é que me tratam desta forma? Não percebem que não aguento mais?' Porque é que ele não vinha. Precisava apertar as mãos de alguém. Dizer que queria desistir. 'Tirem-me isto!' Viu-se a correr sem dores. Viu os amigos, a familia. Quis que ele se aproximasse e dissesse como era corajosa. Agarrou-se a esse desejo para um último fôlego. Ele ia aparecer, iam chorar juntos pela nova alegria que os unia. E no horizonte só via aquela parede amarelada e gasta. Abriu-se a porta, levaram-na em braços. As lágrimas pela cara. 'Ajudem-me!' E foi como se a força tivesse sido recuperada. A força, a coragem, a vida. E acabou a dor, chorou, chorou e riu ao mesmo tempo. Era lindo. Era seu. Era dos dois. Fechou os olhos, ele no seu regaço, aconchegado. Já nada os podia separar. Tinha valido a pena a dor. Foi compensada em vida.

2 comentários:

Maura disse...

Eh lá!

amelinha disse...

o que é que se passa?