sexta-feira, agosto 25, 2006

O microndas

Ainda vivendo os resquicios de Paredes de Coura, tenho dado por mim a pensar numa cena que vi no concerto que mais gostei do festival. Falo em concreto do concerto dos Gang of Four e do momento em que John King parte um microndas em palco, com um taco de baseball, fazendo a batida de fundo e percussão alternativa. O som metálico ia crescendo e o microndas mais e mais amolgado. King chegou ao fim do tema completamente esgotado.
Essa imagem tem-me vindo à cabeça por diversas vezes. Não só pelos meus instintos punks e vontade regular em destruir e partir coisas, mas porque a imagem do microndas é muito forte. Não sei porque escolheram este electrodoméstico nem se o fazem sempre com o mesmo em palco. O que acho é que não há melhor electrodoméstico para destruir.
O microndas é a perfeita síntese daquilo que somos hoje em dia. Instântaneo, plásticos, fugaz, requentado, passageiro, pouco trabalho, não quero chatice, não preciso de me preocupar... e de vez em quando rebenta-nos na cara...

Gostava de ganhar coragem para não ter microndas na nova casa.

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