terça-feira, março 07, 2006

A qualidade

Há quem tenha uma mente tão retorcida que é capaz de inverter todas as situações para desculpar as suas acções, sentimentos ou negações. Próprio de quem vive num mundo só seu, criado à sua imagem, guiado unicamente pelo seu umbigo. Tenho pavor de pessoas assim, porque são manipuladoras, fazem dos outros sacos de boxe, o seu caixote de lixo e assim ilibam-se de qualquer pena. Todos nós temos um pouco de cobardia, um quê de egoísmo. Mas quem não se reflecte nos outros fica entregue apenas aos seus próprios valores e objectivos. Quando tive a minha primeira filha soube que a partir dali tudo se tinha tornado relativo, que nada que me viesse a acontecer seria drama algum comparado com o mau estar que algo ou aguém pudessem criar nos meus filhos. Hoje eu sei que relativizar as coisas que nos acontecem na vida não é já uma maneira de pensar. é uma forma de estar na vida. Pensar que o que é certo hoje, amanhã pode já não fazer sentido. Ou o que nos faz falta agora, facilmente podemos esquecer no futuro. O medo que isso me provoca, o que me pode parecer demasiado fugaz pode ter também o reverso da medalha: o de provocar acção, o de querer superar-me a mim própria no encontro com os outros, o de aproveitar todos os momentos, até aqueles que parecem ser rotinas, ou que nos poderão causar sofrimento.
Hoje a M. dizia que não queria nunca ir viver para outra casa sem mim. E do fundo do meu sentido maternal disse-lhe que porque íamos passar menos tempo juntas no futuro, teríamos de aproveitar todos os momentos que estávamos juntas. E selámos o acordo com um abraço.
E é isto que peço para mim: apostar na qualidade, não na quantidade.

2 comentários:

dadefuga disse...

"(...)quem não se refletem nos outros fica entregue apenas aos seus próprios valores e objectivos(...)", sabes "nenhum homem é uma ilha" e disso esquecemo-nos muitas vezes de criar pontes, de aproveitar os momentos, de não durmir de costas voltadas, ia temos de aproveitar o momento...

Anónimo disse...

Nem sempre aquilo que julgamos ser o melhor é! Para os outros e/ou para nós. Muitas vezes magoamos sem perceber. Reconhecer isso é um passo de gigante para sermos melhor pessoas