terça-feira, março 21, 2006

Tenho a baliza aberta

Tenho escrito mais espaçadamente. Acho que não é tanto por ter menos por dizer, mas por me sentir menos confusa. Percebo aos poucos que na vida tudo tem o seu tempo e que temos de saber esperar. Talvez esta seja a grande lição que posso tirar disto tudo. Às vezes não adianta espernear, gritar, dizer que se ama, que do outro lado, quem não quer ouvir permanece intocável. Talvez por isso me tenha virado mais para mim e nesta fase tenha tentado perceber o que realmente me faz feliz.
Mesmo que não o saiba agora, interessa-me procurar, explorar. Não sei se deixei de lado os critérios que até aqui me balizaram, mas sinto que estou absurdamente aberta a tudo o que venha de fora na necessidade de me extravazar, de encontrar pessoas, de estar com alguém que me fale e me faça ouvir. Ser boa companhia não me basta. Quero ser desejada, quero desejar estar com alguém que queira ser desejado por mim.
Olhando para trás, das duas vezes que mais me entreguei a alguém fui trocada. Talvez o problema seja meu. Talvez todo este empenho em demonstrar amor não seja em vão. Talvez me faça ser maior, abrir ainda mais o meu coração. Talvez seja um estágio para conseguir também eu amar de olhos abertos, amar sem querer projectar no outro aquilo que me faz falta.Talvez encontre equilibrio dentro de mim e da próxima vez não ache que não me amam de verdade e que me amem na medida que eu amo.
Confuso, talvez. É o reflexo daquilo que vai cá dentro. Do turbilhão de sentimentos que tenho vindo a definir.
Hoje tenho muita vontade de partir ao encontro das pessoas. O tempo vai passar e mostrar o futuro, que agora tanto me assusta, mas que ao mesmo tempo me desafia. Tenho medo, mas este frio na barriga faz-me tentar ultrapassar-me.
Como hoje dizia a alguém, em todos os aspectos da minha vida, tenho a baliza aberta. Vou mesmo marcar golo!

8 comentários:

Anónimo disse...

Sempre tive uma ideia clara daquilo que me fazia feliz e daquilo que queria para mim e para a minha vida mas confesso que sempre me confundiu a forma de lá chegar. Sabia que era o amor que eu buscava...mas hoje percebo que o tempo todo busquei no outro aquilo que eu não tinha... Também eu nunca amei de olhos abertos, sempre esperei que o outro me completasse, sem perceber que era eu que não me sentia completa. Hoje sei que o amor " constroi-se entre dois seres inteiros que se encontram, não entre duas metades que precisam uma da outra para se sentirem completas..."
Ainda estou longe desse caminho, mas hoje eu sei que é assim que quero amar, por inteiro, de olhos abertos...
Obrigado amiga porque foste tu que me ajudaste a abrir os olhos...

amelinha disse...

Percebes que também tu tens a baliza aberta?
Somos os novos exploradores. POdemos ter medo mas temos que nos ultrapassar para que a vida não passe por nós sem a sentirmos. è bom precisar dos outros, mas porque queremos precisar deles. Hoje sinto-me sozinha, mais do que alguma vez me senti, porque perdi alguém que amo muito. Mas ao mesmo tempo sinto-me a mim como há muito não me sentia, inteira, viva. capaz de transformar sentimentos, de os tornar parte integrante de mim. Consciente que só a morte define o eterno.

Anónimo disse...

se calhar "alguém" tinha razão ao dizer que os últimos acontecimentos da tua vida tinham que servir para que "alguém" ficasse melhor. ao menos reconhece-lhe isso ;)

amelinha disse...

não duvido que no fim sejamos todos mais felizes. Já "agradeci" quem me deixou por não querer estar comigo. Sei que o fez porque não se sentia feliz e por isso, talvez não me pudesse fazer feliz a mim. Com 2 pais infelizes, teríamos dois filhos infelizes. Sei que só se ambos quisessemos podíamos mudar o rumo das coisas. Não havendo força de vontade, não há amor que resista.
mas sim reconheço-lhe muita coisa vitamin c. já gora, bem vindo/a

Anónimo disse...

Ou talvez não... não basta amar e seros amados para nos sentirmos completos... esperamos sempre que assim seja mas não podemos depender do outro para sermos inteiros...
"Quando dependo do outro para subsistir, a relação torna-se dependente. E na dependência,não se pode escolher, e sem escolha não há liberdade,e sem liberdade não há amor verdadeiro"

amelinha disse...

também acredito nisso

Anónimo disse...

"o outro sem pedir-mos preenche aquilo que tanto nos faz falta."... pura ilusão BEM, pura ilusão. Nem mesmo quando pedimos, as pessoas nos dão o que nos faz falta se não estiverem realmente dispostas a isso. E parece que nunca estão...

amelinha disse...

Quando nos sentimos mal connosco, nada nem ninguém nos fará sentir amados. Nem conseguimos amar. Conseguiremos fazer reis ou rainhas quem está ao nosso lado, na medida em que nos conseguirem fazer sentir reis e rainhas tb. Ilude-se quem achar que amar é só dar. Passa muito por aí. mas como algo que cresce, se não for alimentado, também desmotiva ou morre. Uma relação a dois é isso mesmo. Um trabalho árduo, feito a dois. Basta que o seja em momentos diferentes para já haver um desnivelamento. terá de haver muita vontade de ambos para voltar a nivelar. Se não a há, nem que seja só de um, perde-se tudo.